segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

EDITORIAL

PORTUGAL ESCOLHEU O “SIM”, MAS NESPEREIRA MANTEVE– SE FIEL AO “NÃO”!

Ontem, Nespereira viveu mais um domingo movimentado, principalmente à beira da Escola da Feira– onde se encontravam as urnas de voto para o Referendo sobre o Aborto. Apesar do grande índice de abstenção, muito habitual em situações de referendo, mesmo os poucos, optaram por exercer o seu direito de voto. Eu mesmo, apesar do tempo cinzento e chuvoso, que nos sugeria o sofá da sala, a assistir um filme do Jackie Chan; fui votar.
Mas vou ser sincero. Fui votar, após as extensas três semanas que passei a ler sobre artigos da Constituição, de Abortos, da Irlanda, da Holanda, das hipóteses sobre ambos os cenários de vitória, testemunhos, etc. e chegando na urna, mesmo assim, tremi…
Se eu votasse “sim”, por um lado estaria a ajudar a diminuir a taxa de abortos clandestinos, e a legalização dos abortos em entidades oficiais. Até aqui, tudo bem! Mas, será que daqui a quinze anos, não estaremos a ver as nossas filhas, encararem o Aborto, como um método contraceptivo, e porem em risco a sua fertilidade, quando mais as suas próprias vidas. Alguém já terá pensado, que se este referendo fosse feito, no tempo dos nossos pais, e se o “sim” ganhasse, poderíamos não ter connosco, a presença de um nosso melhor amigo, amiga, ou mesmo da nossa pessoa? Ninguém pensou nisso! E nem falamos no feto… a discussão que é “chover no molhado” de: “que às dez semanas de gestação o feto já apresenta sentimentos como a dor!” Pois, é um argumento que nem de um lado, nem do outro se consegue provar.
Quanto ao “não”, eu penso que ao votar por esse lado, estaríamos a defender a vida humana de um pequeno nascituro indefeso (partindo do principio de que, às 20 semanas de gestação já sente dor!), e economicamente, poderíamos evitar a mega invasão que se avizinha, de alguns “mercenários” espanhois , prontos para montarem clínicas em Portugal, inflacionando os preços das IVG’s (Interrupção Voluntária da Gravidez), e “obrigando– nos” a contribuirmos com os nossos impostos para a criação dessas clínicas.
Mas, por outro lado, ao votar “não”, estaremos a ser conservadores e adeptos da mentalidade contra– evolução, recusando a necessidade humana dessa mesma evolução.
Após um longo suspiro, e uma rápida reflexão, lá fiz a cruz onde a minha consciência mandou.
No final de tudo, já em casa, perto das 20 horas, recebi a noticia de que o “não” teria ganho em Nespereira, apesar de na TV, o “sim” ganhar com 59%.
Nespereira foi uma das muitas freguesias do Norte do Mondego, que elegeram maioritariamente o “não”. Os distritos de Aveiro, Viseu, Vila Real, Guarda, Bragança, Braga e Viana do Castelo, foram adeptos do “não”. Sendo a partir do Mondego para baixo, tudo “sim”.
As ilhas foram também adeptas do “não”.
Agora, meus amigos, a partir de hoje, começa uma nova maneira de encarar a vida. E vejamos a evolução dos acontecimentos. Tomara que daqui a alguns anos, as clínicas de aborto não sejam encaradas pelas jovens como clínicas de estética. Que o facto de este referendo ter corrido bem, não querer dizer que teremos brevemente um referendo sobre a eutanásia, e outro sobre os casamentos homossexuais, como citou o antigo ministro da Educação, Roberto Carneiro.
No fundo, no fundo, acho que estamos a tentar “imitar” Espanha– só que vamos ligeiramente atrasados.
Desejo que, consigamos, através do resultado deste referendo, criar uma sociedade responsável e coerente. E que, determinadas mulheres, não se escondam, nem se aproveitem da vitória do “sim” para afundar a nossa sociedade portuguesa. Senão, um dia terei de escrever: “ O Referendo deu o seu próprio fruto: Um Aborto de sociedade!”

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