“A opção Borralhal, condicionou irremediavelmente as pretensões do Nespereira.”
BA– Continuando a série de entrevistas a conterrâneos ou outros que duma ou outra maneira estiveram ligados ao NFC, chegamos à fala com Alves Pinto. Daí a costumada pergunta: diga– nos o que sabe a respeito do Nespereira Futebol Clube?
AP– Andava na escola, quando na Portelinha os nespereirenses despertavam para as andanças futebolísticas. A principio, empenhados em dificultar a vida ao então poderoso conjunto de Alvarenga, outras vezes ganhando e perdendo nos confrontos com os vizinhos de Vila Viçosa. A verdade é que, na altura toda a juventude convergia para o campo da Portelinha, onde a carolice do dedicado Olímpio da Costa, há muito falecido, limava as naturais dificuldades de quantos apenas sabiam que a bola era redonda e dos jogos do Porto, Benfica, Sporting, e outros, apenas tinham conhecimento pelo rádio, que de televisões nem os americanos falavam.
Todavia, já antes participara nos acalorados Feira contra Vista Alegre ou nos embates que estes dois lugares agrupados, mantinham com o aguerrido conjunto de Paradela, que na altura alinhava com as camisolas alindadas com a palavra “Sporting” extraída dos maços de cigarros que então eram comercializados.
BA– Mas chegou a jogar na equipa principal?
AP– Efectivamente, a partir dos 17 anos cheguei a fazer alguns jogos no grupo principal, umas vezes na frente, outras na defesa (lado esquerdo) como por exemplo aconteceu em Arouca, com o Correia à baliza, o Abel a central, o Salazar na esquerda do ataque, num jogo onde tudo nos saiu bem.
BA– Chegou a marcar algum destaque no nosso grupo de futebol?
AP– Sim e de que maneira!!! (risos) Por exemplo, numa deslocação à Castelo de Paiva, toda a equipa se amontoava nos bancos do Dodge que o sr. Armando Teixeira conduzia, sendo que, comigo, viajava a dúvida se o Correia ou o Abel, não me lembro bem, optariam por mim ou faziam alinhar o citado motorista… já com cinquenta e muitos anos.
Mais a sério, lembro– me de alinhar duas ou três temporadas, destacando uma deslocação que fizemos a Santa Cruz da Trapa, que aliás, ficaria celebre no historial do Nespereira Futebol Clube. Isto, porque o Abel e o Salazar, suponho, optaram por pagar ao Figueiras, deixando ao Mendes a alternativa de tomar conta de um subsidio, de toda a fortuna a que nos anais da terra todos tempor um “não te aflijas”, qual Constantino que veio para perdurar.
BA– Soubemos há pouco que na altura, contestou a opção do Borralhal (ou Olival) em detrimento do antigo “Correia dos Santos”. É verdade?
AP– Efectivamente. Na altura, tinha a convicção que defendi publicamente de que, na Portelinha, podia o Clube (e a freguesia) ambicionar a outros voos, sendo que já nessa época, podia o clube estender– se consoante as posses e os possíveis subsídios Para mais, agora que por lá passa uma boa via de comunicação, e o local dispunha de “pano para mangas” em todos os aspectos. A opção Borralhal condicionou irremediavelmente outras pretensões, razão por que, agora o melhor dos objectivos é, ano após ano, contar com a carolice dos do costume, dignos continuadores de quem um dia pensou um clube de pontapé na bola para Nespereira. Chamava– se Olímpio da Costa.
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